Princípios para entender a Igreja atual.

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Por Católicos Romanos | 01 de Maio de 2018.
Muitos católicos percebem mais ou menos agudamente que a Igreja está passando por um período de confusão e se perguntam se existem elementos que permitam entender o problema.

A Crise na Igreja

As origens deste período de confusão estão na “renovação” (aggiornamento) da Igreja desde o Concílio Vaticano II. A Igreja começou a ter, desde o Concílio, uma "nova cara":
  • novos catecismos.
  • nova liturgia, em novas igrejas, ao redor de uma mesa, com a comunhão na mão, dada por leigos, com coroinhas meninas, etc.
  • novas bíblias e novo Código de Direito Canônico.
  • contatos com os não católicos.
E que aconteceu com a missa latina tradicional, a benção com o Santíssimo Sacramento, as confissões individuais periódicas, as procissões, a via sacra, o jejum e a abstinência, as orações pelas almas do purgatório, a batina, etc.? O que não mudou na vida católica? Isso é realmente só uma "nova cara" ou é uma mudança profunda de atitude?

A Fraternidade São Pio X responde: Tudo isso se baseia em um giro notável que aparta na Igreja seu foco desde Deus para centrar-se no homem. O mundo não está convertendo-se à Igreja; é a “Igreja" que se converteu ao mundo.

Com efeito, são os católicos modernos muito diferentes dos não católicos atualmente? É visível que não.

Para julgar corretamente estes acontecimentos na Igreja, vejamos primeiramente alguns princípios gerais que todos os católicos aceitam e então poderemos avaliar melhor a reação da Fraternidade São Pio X a esta crise.

Princípios de fé católica sobre a Igreja
1. A Igreja Católica é divina.

Com o fim de que possamos cumprir satisfatoriamente o dever de abraçar a verdadeira fé e de perseverar constantemente nela, Deus, por meio de seu Filho unigênito, instituiu a Igreja e a proveio de claros sinais de sua instituição, pelos quais pode ser reconhecida por todos como a guardiã e mestra da palavra revelada." (Concilio Vaticano I, Dz 1793)

2. A Igreja Católica é a única arca de salvação.

A Igreja Católica crê firmemente, professa e proclama que os que não vivem dentro dela, não somente os pagãos, mas também os judeus, os hereges e os cismáticos, não podem tornar-se partícipes da vida eterna, mas serão lançados "ao fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos" (Mt. 25,41), a menos que antes do final de sus vidas se agreguem ao rebanho." (Concilio de Florência, Dz 714)

3. A Igreja Católica é visível e indefectível.

Aquilo que o Chefe dos pastores e o Grande Pastor das ovelhas, o Senhor Jesus, estabeleceu no bem-aventurado Apóstolo Pedro para a salvação perpétua e bem perene da Igreja, por causa daquele mesmo Autor, deve permanecer sempre na Igreja, fundada sobre uma rocha, e perdurará firme até o fim dos tempos." (Concilio Vaticano I, Dz 1824 [cf, Dz 1793 anteriormente])

A única Igreja de Cristo é visível para todos e seguirá sendo, de acordo com a vontade de seu Autor e exatamente igual a como Ele a instituiu." (Pio XI, Encíclica Mortalium Animos, § 15)

Princípios de fé católica sobre o papa

4. A Igreja está fundada sobre Pedro e seus sucessores para sempre.

Se alguém disser que não é parte da instituição do próprio Senhor Jesus Cristo ou que não é de direito divino que o bem-aventurado Pedro tenha perpétuos sucessores no primado sobre a Igreja universal (...) seja anátema. (Concilio Vaticano I, Dz 1825)

Se alguém disser que o Pontífice Romano tem somente o ofício de inspeção ou direção, mas não a plena e suprema potestade de jurisdição sobre a Igreja universal, não só nas coisas que pertencem à fé e à moral, mas também no que pertence à disciplina e ao governo da Igreja disseminada pelo mundo inteiro (...) seja anátema." (Concilio Vaticano I, Dz 1831)

Opõe-se à verdade e está em evidente contradição com a constituição divina da Igreja afirmar que, ainda que cada bispo esteja obrigado individualmente a obedecer à autoridade dos Romanos Pontífices, tomados coletivamente, os bispos não estão igualmente obrigados." (Leão XIII, Encíclica Satis Cognitum)

5. O Papa só tem poder "para edificação e não para destruição" (II Cor. 13,10) da Igreja de Cristo.

Porque o Espírito Santo não foi prometido aos sucessores de Pedro para que por Revelação eles pudessem manifestar novas doutrinas, mas que por Sua ajuda eles possam guardar sagradamente a revelação transmitida pelos apóstolos, o depósito da fé, e possam fielmente transmiti-la." (Concilio Vaticano I, Dz 1836)

A Igreja não substituiu nem podia substituir no curso dos séculos os sacramentos instituídos por Cristo Senhor por outros sacramentos, já que, como o Concílio de Trento ensina, os sete sacramentos da Nova Lei foram instituídos por Jesus Cristo Nosso Senhor e a Igreja não tem nenhum poder sobre a "substância dos sacramentos", ou seja, sobre aquelas coisas que, tendo as fontes da revelação divina como testemunha, o mesmo Cristo Senhor decretou que sejam conservadas em forma de signo sacramental." (Pio XII, Constituição Apostólica Sacramentum Ordinis, Dz 2301)

É bem conhecida por todos os homens... com que grande cuidado e vigilância pastoral nossos predecessores, os Romanos Pontífices, desempenharam o ofício confiado por Cristo Nosso Senhor a eles na pessoa do muito bem-aventurado Pedro, Príncipe dos Apóstolos, como exerceram sem descanso o dever de alimentar os cordeiros e as ovelhas, nutriram diligentemente todo o rebanho do Senhor com as palavras da fé, imbuíram-no com a doutrina salutar e vigilaram contra os pastos envenenados. E esses nossos predecessores, que eram os campeões da augusta religião católica, da verdade e da justiça, sendo como eram principalmente solícitos pela salvação das almas, não consideraram nada como de maior importância que o dever de denunciar e condenar, em suas tão sábias cartas e constituições, todas as heresias e erros hostis à honestidade moral e à salvação eterna da humanidade." (Pio IX, Encíclica Quanta Cura §l)

Princípios de fé católica sobre a própria fé

6. A Doutrina da Igreja não pode mudar.

A Revelação, que constitui o objeto da fé católica, não foi terminada com os apóstolos." (proposição condenada por São Pio X, Decreto Lamentabili, Dz 2021)

Pela fé divina e católica, deve-se crer em todas as coisas que estão contidas na palavra escrita de Deus e na Tradição e também nas que são propostas pela Igreja, seja em um pronunciamento solene, seja no magistério ordinário e universal, como devendo ser cridas como divinamente reveladas... E para que seja retida perpetuamente a compreensão dos sagrados dogmas que a Santa Madre Igreja declarou, e não devendo nunca haver distanciamento desse significado sob o especioso nome de entendimento mais profundo, (...) as definições do Romano Pontífice são, em si mesmas e não por causa do consenso da Igreja, inalteráveis." (Concilio Vaticano I, Dz 1792; 1800; 1839)

7. Os Protestantes e outros não católicos não têm a fé.


Aquele que se adere aos ensinamentos da Igreja, como a uma regra infalível, assente ao que a Igreja ensina; pelo contrário, se, entre as doutrinas da Igreja, alguém afirma só aquilo que elege afirmar e nega aquilo que decide negar, este já não se adere à doutrina da Igreja como a uma regra infalível, mas à sua própria vontade. (...) Portanto, aquele que é herege em relação a algum artigo da fé não tem fé nos outros artigos, mas somente uma espécie de opinião em conformidade com sua própria vontade." (Santo Tomás de Aquino, Summa Theologica, Secunda Secundae, q. 5, a.3)

Princípios de fé católica sobre a autoridade e a lei

8. A lei humana se ordena à lei divina.



A liberdade dos que estão constituídos em autoridade não consiste no poder de mandar em seus súditos sem razão e caprichosamente (...) a força vinculante das leis humanas está no fato de que devem ser consideradas como aplicações da lei eterna e como incapazes de sancionar qualquer coisa que não esteja contida na lei eterna, que é principio de toda lei." (Leão XIII, Encíclica Libertas Praestantissimum §10)

9. As leis más não são leis.

Se, por qualquer autoridade, algo é sancionado sem conformidade com os princípios da reta razão, sendo assim nocivo à república, esse ato não pode ter força vinculante de lei, porque não é uma norma de justiça, mas certo modo de afastar os homens daquele bem que é o fim da sociedade civil. (...) Quando não há o poder devido, ou seja, autoridade devida naquele que manda, ou onde se promulga uma lei contrária à razão, à lei eterna ou a alguma ordenança de Deus, a obediência é ilegal e que não aconteça que, obedecendo aos homens, sejamos desobedientes a Deus." (Leão XIII, Encíclica Libertas Praestantissimum §§10,13)

10. Em determinadas circunstâncias, as leis eclesiásticas não obrigam.


a) QUANDO SÃO DUVIDOSAS- "As leis, ainda que sejam invalidantes ou inabilitantes, não obrigam em dúvida de direito..." (Código de Direito Canônico de 1917, cânon 15; Código de Direito Canônico de 1983, cânon 14)

b) QUANDO SÃO RETROATIVAS- "As leis são instituídas quando são promulgadas." (Código de Direito Canônico de 1917, cânon 8, § 1 [cf., cânon 17 § 2]; Código de Direito Canônico de 1983, cânon 7, [cf., cânon 16 § 2])

c) QUANDO NÃO PODEM SER OBSERVADAS (física ou moralmente) - "Nenhuma lei positiva obriga quando há grave inconveniente" (princípio de teologia moral) (cf., Código de Direito Canônico de 1917, cânon 2205, § 2; Código de Direito Canônico de 1983, cânon 1323, 40)

Sem dúvidas, seria um grave inconveniente quando tal observância fosse prejudicial às almas, porque "a salvação das almas deve ser sempre a lei suprema da Igreja." (Código de Direito Canônico de 1983, cânon 1752)

Princípios de fé católica sobre a Santa Missa e o sacerdote


11. A missa não é essencialmente um banquete.

Se alguém disser que na missa não se oferece a Deus um sacrifício verdadeiro e real ou que, ao oferecê-lo, não se faz mais que dar Cristo a comer a nós, seja anátema." (Concilio de Trento, Dz 948)

12. A missa é a reatualização do Calvário (e não somente um relato da Última Ceia, a qual foi uma pre-atualização do Calvário).

Nosso Deus e Senhor, ainda que estivesse a ponto de oferecer-se a si mesmo a Deus Pai no altar da Cruz, (...) contudo, para que seu ofício sacerdotal não chegasse a um fim com sua morte, na Última Ceia, na noite em que foi entregue, para que pudesse deixar à sua Amada Esposa, a Igreja, um sacrifício visível (como a natureza do homem pede), pelo qual aquele sacrifício sangrento que seria realizado na cruz pudesse ser representado e pelo qual sua recordação permanecesse até o fim do mundo, (...) Ele ofereceu a Deus Pai seu próprio corpo e sangue sob as espécies de pão e vinho." (Concilio de Trento, Dz 950)

13. A missa não é uma reunião da comunidade.

Se alguém disser que as missas nas quais somente o sacerdote comunga sacramentalmente são ilícitas e, portanto, devem ser suprimidas, seja anátema." (Concilio de Trento, Dz 955)

14. As orações da missa não se dirigem ao povo, mas a Deus.

Se alguém disser que o rito da Igreja Romana, segundo o qual uma parte do cânon e as palavras da consagração são pronunciadas em voz baixa, é condenável (...) seja anátema." (Concilio de Trento, Dz 956)

15. A Sagrada Comunhão sob as duas espécies não é necessária para os leigos.

Se alguém negar que Cristo inteiro está contido no venerável sacramento da Eucaristia, em ambas as espécies e em cada parte de cada espécie quando são separadas, seja anátema." (Concilio de Trento, Dz 885)

Se alguém disser que a Santa Igreja Católica não foi influenciada por causas e razões justas para dar a comunhão somente sob a forma de pão aos leigos e inclusive aos clérigos quando não consagram, ou que Ela errou nesta matéria, seja anátema." (Concilio de Trento, Dz 935) 
 
16. O Santíssimo Sacramento é Nosso Senhor e deve ser adorado.


Se alguém disser que no Santo Sacramento da Eucaristia o Filho unigênito de Deus não deve ser adorado, inclusive exteriormente com a adoração de latria (...) seja anátema." (Concilio de Trento, Dz 888)

17. O Santíssimo Sacramento contém a Cristo inteiro sob as espécies de pão e vinho.

Se alguém negar que no Sacramento da Santíssima Eucaristia está verdadeira, real e substancialmente o corpo e o sangue junto à alma e à divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, portanto, Cristo inteiro, mas, em lugar disso, disser que Ele está como signo, figura ou eficácia, seja anátema." (Concilio de Trento, Dz 883)

18. O sacerdócio católico é de origem divina.


Se alguém disser que com estas palavras: "Fazei isto em memória de Mim" (Lc. 12,19; I Cor. 11,24), Cristo não fez sacerdotes aos apóstolos ou não ordenou que eles e os demais sacerdotes devessem oferecer seu próprio corpo e sangue: seja anátema." (Concilio de Trento, Dz 949)

19. A missa latina tradicional segue vigente:

1. Em virtude da bula Quo Primum Tempore:


Por estas presentes (ordenanças) e em virtude de Nossa Autoridade Apostólica, Nós damos e concedemos à perpetuidade que, para o canto ou a leitura da missa em qualquer igreja, este missal possa ser seguido absolutamente, sem nenhum escrúpulo de consciência ou medo de incorrer em qualquer pena, juízo ou censura, e que possa ser utilizado livre e legalmente. (...) Nós igualmente ordenamos e declaramos que ninguém, de nenhuma forma, seja obrigado ou coagido a trocar este missal; e que esta Constituição atual não possa ser jamais revocada ou modificada, mas que permaneça válida para sempre e tenha força de lei."
(São Pio V, Bula Quo Primum Tempore)

2. Como um costume imemorial:


A menos que seja feita menção expressa dos costumes centenários ou imemoriais, uma lei não os revoga."
(Código de Direito Canônico de 1917, cânon 30; Código de Direito Canônico de 1983, cânon 28)

3. Porque o Novus Ordo Missae não pode ser considerado como uma opção aberta aos fiéis católicos:


O seguinte estudo crítico é o trabalho de um seleto grupo de bispos, teólogos, liturgistas e pastores de almas. Apesar de sua brevidade, o estudo mostra claramente que o Novus Ordo Missae, tendo em conta os novos elementos susceptíveis de muitas diferentes interpretações, que estão implícitas ou já consideradas estabelecidas, representa, tanto em seu conjunto como em seus detalhes, um afastamento notável da teologia católica da missa tal como foi formulada na sessão 22 do Concílio de Trento. Os cânones do rito, definitivamente fixados naquele momento, erigiram uma barreira infranqueável contra toda heresia que pudesse atacar a integridade do mistério." (Cardeais Ottaviani e Bacci, Breve Exame Crítico do Novus Ordo Missae, p.27.)

Abandonar uma tradição litúrgica que durante quatro séculos representou um signo e uma prenda de unidade na adoração e substituí-la por outra liturgia que, devido às inumeráveis liberdades que autoriza implicitamente, não pode não ser um signo de divisão (e que está cheia de insinuações ou erros manifestos contra a integridade da fé católica) é, e nós nos sentimos obrigados em consciência a proclamá-lo, um erro incalculável." (Cardeais Ottaviani e Bacci, Breve Exame Crítico do Novus Ordo Missae, p.55.)

Via: Fraternidade Sacerdotal São Pio X

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